INTRODUÇÃO
Alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é uma reação alérgica às proteínas presentes no leite de vaca ou em seus derivados.
É a mais frequente das alergias alimentares, acomete cerca de 3% das crianças nos primeiros anos de vida.
A APLV é um tipo de alergia na qual o sistema imune da criança reage ao leite de vaca com surgimento de sintomas alérgicos. Diferentes manifestações clínicas podem ocorrer, desde problemas com a pele (erupção cutânea, urticária, pele seca e coceira), como manifestações intestinais (diarreia, vômitos, constipação, refluxo, sangue e muco nas fezes) e manifestações respiratórias (tosse, rinite e crises de sibilância).
A intolerância à lactose é diferente. Ela não envolve o sistema imune. Na intolerância a lactose, a causa é a incapacidade de digerir o açúcar encontrado no leite de vaca (lactose) sendo muito rara a aparição em crianças com menos de 5 anos de idade.
CAUSA
A causa da APLV não é totalmente esclarecida. Diferentes fatores podem contribuir para o seu surgimento.
Contato precoce com o leite em um intestino ainda imaturo.
Predisposição genética (2/3 das crianças com APLV têm casos de alergia na família).
Hipótese da higiene: Tem sido considerada uma das possíveis causas do aumento das alergias alimentares - hábitos de limpeza tornam as pessoas menos expostas a infecções, acarretando alterações no sistema imune e aumentando as chances de desenvolver alergias.
Etnia e mudanças na dieta são outras causas que também podem se associar ao desenvolvimento desta alergia.
DIAGNÓSTICO
Para o diagnóstico são cumpridas etapas e realizados alguns testes. O diagnóstico na maior parte das vezes não é imediato e necessita de tempo para ser concluído.
É feito um detalhamento dos sintomas e em que situações ele surge.
O exame físico ajuda com maiores informações caso haja alterações.
Para esclarecimento diagnóstico muitas vezes se orienta dieta de restrição por um tempo, com a eliminação completa da proteína do leite, seguida de nova exposição, chamada de teste de provocação oral (TPO), para concluir sobre a alergia.
Quando a suspeita da causa da alergia é aquela mediada por anticorpos (tipo IgE), o exame de sangue para a identificação de IgE específica e o teste cutâneo de hipersensibilidade imediata pode ser realizado.
TRATAMENTO
O tratamento indicado é a dieta isenta de leite de vaca e de seus derivados.
Para garantir a nutrição adequada da criança outros alimentos são oferecidos como substitutos.
No caso de bebês que necessitam de fórmulas, são utilizadas fórmulas especiais, nas quais a proteína do leite passa por um processo de extensa hidrólise (quebra). Ou seja, as proteínas são fracionadas em porções muito pequenas que deixam de induzir alergia e passam a ser bem toleradas.
Em caso de alergias mais severas, cerca de 1% dos casos, fórmulas contendo apenas aminoácidos livres (a menor fração da proteína) podem ser utilizadas.
As fórmulas infantis à base de soja não são as mais recomendadas, uma vez que é comum que crianças com APLV também apresentem reação à soja (35%).
Além excluir leite atenção deve ser dada aos derivados. Também deve estar atento a substâncias com nomes complicados e que contêm a proteína do leite de vaca: alfacaseína, betacaseína, caseinato, alfa-lactoalbumina, beta-lactoglobulina, alfa-lactoglobulina, aroma de queijo, lactulose e lactose presente em medicamentos.
A exclusão dietética deve ser criteriosa. Não se deve excluir outros alimentos da dieta a não ser que também exista alergia a eles.
Mulheres que amamentam bebês com APLV podem ser orientadas a excluir o leite de vaca de sua dieta. Isso porque pode ocorrer a passagem de pequenas moléculas de proteína de leite de vaca, presentes na dieta da mãe, pelo leite materno.
PROGNÓSTICO
A boa notícia é que com o crescimento a maior parte das crianças vai tolerar a proteína do leite.
A introdução do leite deve ser gradual e acompanhada pelo médico. Em especial naquelas crianças que apresentaram reações graves ao leite no passado.